Chegou o Dia dos Pais de
novo e a minha
filharada está
longe, longe,
e não é facil
fazer a
travessia com
frequencia.
Mas é a vida,
a saudade traz
as pessoas
queridas para
mais perto da
gente, os
corações dos
pais está onde
os filhos
estão. No
próximo ano eu
vou lá e mesmo
que não seja
dia dos pais,
será como se
fosse.
As filhas se foram, a casa
ficou enorme,
cheia de
saudade. Xuxu, a nossa Pinscher que quase
completou
vinte anos de
idade também
se foi e a
casa ficou
maior ainda,
mas felizmente
um barulho de
criança
permanceceu, para preencher um pedacinho do dia, um
pouco da nossa
vida. Falo de
Gabriel, o
sobrinho que
agora tem onze
anos, mas
desde pequeno
passou a tarde
aqui conosco.
A mãe dele
trabalha o dia
todo, então
depois da
escola, ele
vem ficar
conosco até
que a mãe
venha
apanhá-lo no
final da
tarde, à
noitinha.
Ele não é filho, mas é como
se fosse. É
ele que nos
faz companhia,
que faz com
que sejamos
pais postiços,
uma
relembrança do
tempo em que
nossas meninas
eram pequenas,
depois jovens
e preenchiam a
casa e a nossa
vida. É um
filho meio que
emprestado,
que veio num
tempo em que
precisávamos
muito de
alguém assim.
O pai de Gabriel não é
presente,
então o cara
chato que está
sempre no pé
dele, é o tio,
e quem faz
tudo para ele,
é a tia: faz a
comida, ajuda
nos deveres,
leva para a
aula de
inglês, de
robótica, para
a natação...
Mas
apesar de
chato,
antiquado, de
cobrar muito e
de ficar
martelando as
coisas no
ouvido dele, é
este tio
também que
brinca, que
faz de conta
que tem a
idade dele,
que tenta ser
um pouquinho
criança para
fazer
companhia a
ele como ele
faz companhia
a nós, os tios
que vão
ficando velhos
e solitários.
Então neste dia dos pais
quero
agradecer
muito ao
Gabriel, por
estar conosco.
Sei que ele
não escolheu,
mas a vida faz
acontecer
algumas coisas
na hora e no
lugar certos.
Meu tempo mais
feliz, meu e
da tia dele,
foi aquele
depois da
chegada das
filhas. Não
troco aquele
tempo por
nada. Mas elas
cresceram e,
adultas, foram
viver a
própria vida,
como deve ser.
E Gabriel veio
para nos
lembrarmos
todos os dias
de como foi
bom o tempo
com nossas
crianças, ele
trouxe de novo
para dentro de
nossa casa um
pouquinho
daquele tempo.
Ele faz aumentar a saudade?
Faz sim, mas a
saudade é que
mantém nossas
filhas cada
vez mais
juntinho da
gente, é a
saudade que
conserva nossa
filharada cada
vez mais
dentro dos
nossos
corações,
inquilinas
vitalícias com
espaço cada
vez maior.
Obrigado,
Gabriel. Você
está
crescendo, a
juventude está
chegando e
logo você
também vai
seguir o seu
caminho, mas
este tempo que
encheu nossa
casa e nossa
vida de
infância vale
tudo. Eu
sempre disse
que casa sem
criança não é
lar, mas um
dia vou ter
que me
acostumar com
isso. E a casa
vai ficar tão
maior, tão
maior…
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