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terça-feira, 19 de julho de 2011

O ROMANCE E O LIVRO ELETRÔNICO

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor - http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br/



Além dos escândalos relativos à corrupção no Brasil, uma das coisas mais em evidência talvez seja o advento dos leitores eletrônicos, mais precisamente o iPad. Revistas, jornais, televisão, a internet, todos falam muito dos novos e-readers, de e-books, da revolução no ato de ler.

Então leio mais uma matéria sobre o avanço dos livros eletrônicos, versão digital de jornais e revistas, uma ameaça sobre a tradicional impressão no papel. Os novos leitores eletrônicos fazem de tudo, além de proporcionarem a leitura de livros, revistas e jornais: neles podemos ver filmes, fotos, jogar, ouvir música, interagir com os amigos nos programas de relacionamento, usar o correio, etc., etc. Fala-se, a propósito, que nos Estados Unidos já se vende mais livros eletrônicos do que livros de papel impresso. Pode até ser verdade e pode ser que isso aconteça, em algum tempo, também no Brasil.

As editoras estão aderindo ao novo nicho e já estão vendendo títulos também em formato digital, paralelamente aos volumes impressos. Elas estão se adequando, se adaptando e no entusiasmo inicial parecem querer colocar tudo nos aplicativos que possibilitam complementar o texto com fotos, vídeos, entrevistas, games e uma gama enorme de recursos para interagir com o leitor.

Achei interessante, no entanto, um editor dizer que nem todos os gêneros são apropriados para mesclar com tantos recursos que a mídia permite usar para interação com o leitor. Isso me parece óbvio. Livro infantil é ótimo para isso. Mas, dúvida cruel, o que fazer com o romance, por exemplo?

O romance não pede nenhum complemento, a não ser o leitor. Não há muito o que acrescentar a ele. Romance é o texto, a criatividade, originalidade e inventividade do autor que vão ser recriados pelo leitor, e cada um pode fazer isso do seu jeito. O mesmo leitor, lendo o mesmo romance mais de uma vez, pode e vai recriá-lo de maneira diferente. Então, ao invés de querermos mastigar um romance para o leitor, o ideal é fazer um filme do mesmo, como já foi feito com vários deles. Muitos romances vão parar na tela, independentemente da fidelidade ou não ao original.

E há quem insista, que se o romance não puder se tornar interativo, pode perder a hegemonia literária, pode perder a popularidade, a preferência junto aos leitores, como quem diz: romance não combina com livro eletrônico.

Eu, sinceramente, acho que não. Romance é o gênero literário mais lido há bastante tempo e vai continuar sendo. E não há necessidade nenhuma de fazer dele um aplicativo multimídia, ele deve ser apenas um e-book simples, com o texto, como se fosse um livro impresso. Romance é leitura solitária e intimista. Como já disse, se quisermos entregá-lo ao leitor digerido, é só transformá-lo em filme. E pronto.

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