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terça-feira, 3 de agosto de 2010

OS OITO TRABALHOS DE APOLÔNIA

Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br

Dizia eu, após ler a primeira edição de “A Força do Berço”, de Apolônia Gastaldi, que ali nascia uma grande escritora, que muito se podia esperar dela, que muita coisa boa viria adiante. E não deu outra. Após quase vinte anos, Apolônia publica oito livros: a segunda edição de “A Força do Berço I – A Herança”, a continuação dessa saga, com mais três volumes: “Segredos”, “Sinais” e “Regresso” - que podem ser lidos fora de seqüência, como se fossem romances independentes um do outro; dois livros de poemas: “Mar” e “Amor”, o romance infanto-juvenil “Anjos Azuis” e “Barra do Cocho”, outro grande romance.
A poesia de Apolônia eu também já conhecia, pois antes de publicar seu primeiro romance ela já publicava poemas na revista Suplemento Literário A ILHA e em jornais. É uma poesia forte, carregada de sensibilidade e romantismo.
“Mar” pode ser um só grande poema sobre o mar, mas as partes que o compõem também podem ser lidas independentemente umas das outras. Trata-se de um marinheiro em seu navio, perdido em alto mar, navegando ao sabor das ondas. Solitário entre o céu e a água, recorda o seu passado, suas glórias, seus amores, suas dores, como a própria autora descreve na apresentação. “Amor” é uma seleção de trinta e tantos poemas românticos, cheios de sentimento, ternura e emoção. Tudo com o ritmo, a musicalidade, a cadência que Apolônia imprime em seu fazer poético.
“Anjos Azuis” é, na verdade, uma feliz – felicíssima – incursão de Apolônia pela literatura juvenil. O livro é bonito, a começar pela apresentação: a capa é azul em fundo branco – uma íris azul com duas mãos se encontrando no centro, o título é azul, o texto, no interior do livro é em azul. A história que o livro conta é de um azul brilhante. Os três novos volumes de “A Força do Berço” mantém o ritmo e a qualidade do primeiro livro da série e a prosa de Apolônia se agiganta em “Barra do Cocho”, com seu estilo firme e fiel à existência do ser humano, com a sua narrativa coloquial e deliciosa. “Barra do Cocho” é a ficção imitando a realidade, a vida recriada com arte.
Em “Barra do Cocho” não há intrigas ou maldades, heróis e vilões, há apenas a vida se desenrolando. Ela, a vida, se encarrega, com naturalidade, das alegrias e tristezas, das dores e das pequenas ou grandes felicidades. São os destinos se cumprindo, contados com o sabor que apenas quem viveu parte daquilo poderia imprimir no seu discurso. Apolônia conta com maestria, com linguagem apropriada, que resgata alguns termos de um tempo que os mais jovens, hoje, nunca ouviram, a trajetória de uma comunidade que ajudou a colonizar o Vale do Itajaí a partir dos anos oitenta do século dezenove. Sem os recursos tecnológicos que temos hoje, eles trabalhavam duro para tirar o sustento da terra, mas também se divertiam, viviam intensamente. Era uma brava gente, uma gente valente e valorosa. A obra de Apolônia me faz lembrar Érico Veríssimo, esse mestre das letras que completaria cem anos no ano de 2005, pela grandiosidade de conteúdo e pela magistral narrativa.
Uma família, em particular, é focalizada pela autora e, a partir dela, toda a comunidade é retratada neste romance histórico que a gente começa a ler e não dá vontade de parar. Uma gente feliz, de uma felicidade simples, pura e verdadeira. Com os percalços naturais da vida, que a natureza, assim como nos dá a vida, nos cobra pelo que nos dá.
Há que se ler esse romance grandioso, que nos dá a conhecer as pessoas que prepararam esse chão onde hoje estamos, que nos precederam nessa terra abençoada que é a nossa Santa e bela Catarina.
E vem mais por aí...

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